Sol, chuva, granizo, chuva, sol novamente. Era essa doce ironia na indecisão das intempéries o que mais o fascinava. Fascínio facínora. A cada mudança de tempo a vontade de matar lhe subia à garganta nauseando o corpo sedento.
Os crimes cometidos no frio lhe proporcionavam um calor que esquentava corpo e alma. Porém, só podia matar de uma maneira diretamente ligada à estação. O inverno pedia um crime frio, planejado nos mínimos detalhes. Veneno era o seu preferido para a época. No café, no chá, até na ilex do chimarrão. Tudo com muita calma, sem muito contato com a vítima.
A primavera e a estação de renovação, de testar novas técnicas. Estacas de gelo, esquartejamento com pedaços servidos aos jacarés, cabeças amassadas nas morsas. Tudo por renovar o repertório.
No verão vinham os crimes passionais. Saia com mulheres casadas pelo puro gosto de matar maridos em meio a discussões acaloradas. Normalmente usava armas de fogo, porém em último caso qualquer faca ou bastão era bem vindo.
No outono corpos seguiam as folhas que caíam das árvores. A estação pedia uma certa melancolia nas mortes. A queda do alto dos prédios não era apenas uma queda, era um aperitivo para o frio que chegava.
Mas numa época como hoje em que não há mais definição nas estações, preencher o vazio fatal que lhe angustiava era cada vez mais difícil. Os crimes não lhe satisfaziam mais. Até que avistou uma das mais lindas cenas que seus olhos já viram. Sete crianças de mãos dadas numa brincadeira de roda cantavam:
“Sol e chuva, casamento de viúva. Chuva e sol, casamento de espanhol”.
Era isso. Crianças felizes eram presentes em todas as estações.
O vazio seria finalmente preenchido.
FIM. Das cirandas.
Os crimes cometidos no frio lhe proporcionavam um calor que esquentava corpo e alma. Porém, só podia matar de uma maneira diretamente ligada à estação. O inverno pedia um crime frio, planejado nos mínimos detalhes. Veneno era o seu preferido para a época. No café, no chá, até na ilex do chimarrão. Tudo com muita calma, sem muito contato com a vítima.
A primavera e a estação de renovação, de testar novas técnicas. Estacas de gelo, esquartejamento com pedaços servidos aos jacarés, cabeças amassadas nas morsas. Tudo por renovar o repertório.
No verão vinham os crimes passionais. Saia com mulheres casadas pelo puro gosto de matar maridos em meio a discussões acaloradas. Normalmente usava armas de fogo, porém em último caso qualquer faca ou bastão era bem vindo.
No outono corpos seguiam as folhas que caíam das árvores. A estação pedia uma certa melancolia nas mortes. A queda do alto dos prédios não era apenas uma queda, era um aperitivo para o frio que chegava.
Mas numa época como hoje em que não há mais definição nas estações, preencher o vazio fatal que lhe angustiava era cada vez mais difícil. Os crimes não lhe satisfaziam mais. Até que avistou uma das mais lindas cenas que seus olhos já viram. Sete crianças de mãos dadas numa brincadeira de roda cantavam:
“Sol e chuva, casamento de viúva. Chuva e sol, casamento de espanhol”.
Era isso. Crianças felizes eram presentes em todas as estações.
O vazio seria finalmente preenchido.
FIM. Das cirandas.
Muito bom o texto, zé. Gostaria de ter essa criatividade diferente, inteligente.
ResponderExcluirGrande abraço.
Pó zé... muito bom o texto cara...
ResponderExcluireu fiz 20 e tu boto os meu no chinelo com um
auehuaheuhaeuh
agora eu sei porque tu não posta tanto
aeiauehuahe
bom mesmo cara, parabens.
Abraço