sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Rotina da Ilusão


O celular ainda esta despertando... Acordei cedo hoje. Vou trabalhar com uma indisposição do cão, talvez devesse te esquecer. Vou até o banheiro, lavo o rosto. No espelho, meus olhos vermelhos de doer, no coração a saudade que não cessa. Caminho até a cozinha, para mais um café solitário, mas meu cão me acompanha. Ele, eu, algumas bolachas e um gole... e será por onde você anda? Saio de casa, o sol no céu me reflete seu sorriso, aquele sorriso branco de um lado até o outro da boca, que eu insisto em lembrar. Chego atrasado no ponto de ônibus, tudo parece estar em seu lugar, mas há algo deixando-me confuso. Sentado no ônibus olhando as pessoas, porem pensando em você. Como não me sais da cabeça? Precisas me deixar, o dia apenas começou. O ônibus para, eu desço e deixo meus pensamentos porta à dentro. Preciso me concentrar, já é hora de trabalhar e fazer algo para entreter meu coração. Em frente a todos aqueles projetos, penso no projeto de vida que criei em minha cabeça, junto a ti. Tiro uma peça aqui, arrumo outra ali e pronto, podemos rever o assunto. Seria tão mais fácil se eu não estivesse iludido, alguns cálculos resolveriam nosso problema. Meu amor, dividido pela distância, multiplique a saudade e eis a equação perfeita para demostrar meu carinho. Já é hora do almoço, deixo os cálculos de lado, mas carrego o resultado comigo.

Estou sem fome, minha barriga ronca, minha cabeça dói e meu coração aperta. Mal comi, engoli a contra gosto alguns grãos de arroz, um pedaço de carne, eu odeio esse restaurante, mas é barato e próximo. Indo de volta ao trabalho, penso na vida rotineira quando não estais perto. Ao atravessar a rua, vejo uma garota com suas características, talvez fosse ou talvez já esteja vendo coisas. O vento esta intenso hoje, o frio também... lembrei do seu abraço, aquele calor em que dormíamos. Você dormindo, e eu acordado ao seu lado, observando cada respiração. Cansaço. Não me canso de te olhar, você à dormir e eu a sonhar. Chegando à empresa, vejo um lindo casal, parecem tão perfeitos, tão feitos um para o outro, nós somos diferentes. Você e seu coração do mundo, eu e minha tola paixão. Me sinto deprimido um momento, mas o dever me chama. No escritório: papéis, tinta de caneta, rotina, barulho de conversa e saudade. Esta na hora de ir pra casa.

Deveria estar indo pra aula, mas quero completar meu dia com a solidão. De volta a toda aquela correria de pegar um ônibus, retomo os pensamentos que deixei na porta e ali em pé mesmo, em meio aquela multidão, me sinto só. O caminho parece longo, mas logo estou na frente de casa. Peço licença a uma jovem moça para poder descer, ela sorri, um sorriso tão sincero que me da vontade de ficar, porem a solidão me espera. De longe vejo as pessoas seguirem seus caminhos, o ônibus se foi, a jovem moça também, e eu continuo a pensar em você. Do outro lado da rua, minha casa. Do outro lado do estado, você. Do outro lado do estado em que me encontro, a felicidade me aguarda. Procurado as chaves em frente ao portão, costume bobo de já não te-las em mãos, algo me surpreende. É você, em carne e osso, me abraça como se abraça a um bom amigo, e com aquele sorriso me faz chorar. Com a cara de algum anjo, ou santo não me recordo, me pedes pra parar com o choro. Não consigo segurar, é mais forte do que eu... você ali? Confusão, alegria, tristeza e um beijo. De repente me beijas em meio a rua, mal acredito. Meu coração para, fico nervosissimo, e minhas pernas tremem. Minha cabeça dá um nó. Não estou ouvindo nem vendo nada, só sinto você e uma sineta de fundo. O barulho esta ficando mais intenso, já começa a atrapalhar nosso momento. A velocidade de nosso beijo aumenta junto com a amplitude do som. Tudo em flashes agora, o que esta acontecendo? De repente um grito... e por fim, tudo some.
O celular ainda esta despertando... Acordei cedo hoje. Vou trabalhar com uma indisposição do cão, talvez devesse te esquecer.