terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma Manhã para não Acordar


São 7:30 da manhã. Acordo com alguém batendo em minha porta. Ontem a noite, festa de família, tomei muita bebida junto com os parentes. Aquela dor de cabeça infernal não me deixa abrir os olhos. O barulho se torna constante. Com aquela rouquidão de quem bebeu a noite toda, pergunto quem esta a bater. Numa fúria gigante a resposta vem bem direta, “é teu pai, seu inútil”. Com uma puta raiva, peço pra ele ir embora pois quero dormir. Ele para por alguns minutos, mas logo retorna a bater. Aquilo fica insuportável. Abro meus olhos (maldito momento em que fiz isso) para ir abrir a porta. Ao abrir o olho, me deparo com um corpo ao meu lado na cama. Fico meio abismado, pois ontem bebi demais e sequer lembro como parei aqui. Levemente vou tateando o cobertor para saber de quem se tratava aquele corpo. Para minha infelicidade puxei o cobertor. O corpo no lado era de meu primo, vestido com uma lingerie vermelha que aparentava ser de minha tia pelo tamanho. Parei um segundo para analisar a situação e tentar lembrar-se de ontem. Sem sucesso em minha pesquisa de memória começo a me apavorar. Meu pai começa a gritar alucinado querendo entrar no quarto de qualquer jeito, então resolvo acordar o escroto que tava no meu lado, porém ele é um balofo de 140kg. Olho para um lado, depois para o outro e penso “ Puta que pariu, agora vou me ferrar”. Nesse exato momento, com um super chute meu pai entra no quarto derrubando a porta. Meus olhos arregalados presenciaram a cena mais bizarra de minha vida. Papai dando uma de Van Daime e caindo desmaiado no chão. Ele deu um chute na porta e ela caiu encima dele, fazendo com que desmaiasse. Pra minha sorte o porco do meu lado acordou com o barulho e me faz a pegunta que mudou minha vida. Ele olha bem serio pra mim e pergunta “ que horas são cara? E porque que teu pai ta fazendo essa barulheira?” e eu realmente também queria saber a resposta dessas questões.


Pego o celular para olhar a hora, mas alguma coisa esta errada. Esse não é meu celular, mas contem uma foto minha e de uma anã num romance que só vendo e de fundo vovó e um cara de mascara totalmente nu. O balofo de 140 kg levanta fazendo a casa tremer e com um sorriso na cara pergunta “foi bom pra você?”, então ascende um cigarro e vai em direção a janela. Por um momento desejei morrer, mas sai correndo na direção dele com o intuito de mata-lo. Inutilmente dou socos em sua grande barriga e ele ri da situação. Chingo ele até a voz gastar e ele fala com uma voz bem calma “Bom, se você ficou assim estressado porque acordou comigo, imagina a hora que souber do resto”. Minha mão começa a parar de bater nele e pergunto “ que resto? ”, ele dá uma risada e sopra a fumaça na minha cara. Depois de muito insistir ele resolve contar, mas a cena é interrompida por um grito de uma mulher... Era a anã dizendo “então te achei meu lindo, coisa mais gostosa do mundo”. Em um ataque de pânico, pulo da janela de meu quarto que fica no 5º andar. Depois disso só lembro da cara de um para-médico e muitas sirenes.


Começo a voltar a realidade deitado na cama do hospital. Dentro do quarto escuto alguem dizendo, “ele esta voltando a si”, era o mascarado e ele ainda estava nu. Levanto depressa e minha vó tenta me acalmar, “calma querido ele é amigo” desesperado, com dois braços e uma perna quebrada, tento sem sucesso chegar a cadeira de rodas no lado da cama. Quando consigo embarcar nela, a anã aparece no quarto. O desespero me faz com que com os braços quebrados eu movimente a cadeira de rodas. Quando estou quase chegando a saída com todos correndo atras de mim, dou de cara com minha namorada e um bombadão se agarrando. O impacto da cena me faz vomitar encima de mim e ainda cai vomito dentro do gesso na perna. Me recuperando do vomito repentino, pergunto “que porcaria é essa?” e ela responde “ oras, ontem você aprovou”. Sem noção de tempo espaço e vento, levanto da cadeira em uma só perna e tento agredir o bombadão. Caio no chão relativamente igual a fezes. De volta a cama do hospital, meu pai aparece. Com uma enorme raiva gruda em meu pescoço gritando, “cade a porcaria da chave do carro? Melhor, cade a porra do carro?”. Tento fugir de sua mão, mas ele me sufoca com uma raiva que nem o bombadão conseguiu tirar ele. Fui morto pela raiva dele. Vejo uma luz muito brilhante de fundo, e la esta ele, DEUS. Com uma calma ele olha pra mim e sorri. Eu vejo que ele esta tomando alguma coisa. Com a cara mais lavada do mundo ele pergunta “Aceita um vinho?” e quando balbuciei a resposta ele diz “Melhor não, você nunca lembra o que faz quando bebe ” e uma gargalhada sai de sua boca. E eu que sempre desejei ir para o céu... que tristeza.