sábado, 13 de março de 2010

Desesperança Crônica


Acordar não faz mais tanto sentido, acordar vivo já não faz mais diferença, acordar com um sonho bom ou pesadelo já não me trás os mesmos sentimentos dos quais eram tão intensos e reveladores ao mesmo tempo. Cada dia que passa, o tempo passa, a vida se degrada a cada movimento, as células que você contém estão se tornando cada vez mais inúteis e o mais intrigante é que você nem nota. As coisas que fazia já não faz mais, as coisas que vivia, também. O mundo gira, pra que lado? Pra que lado ir? Pra onde fugir? Vale à pena a vida? Uma vida que nos mostra como nosso sistema deletério, escroto e pútrido, transforma nossas coisas tão inúteis em superficiais, dramáticas e constrangedoras. O fogo que faz a fumaça já não queima o mesmo amor, nem torna a mesma arvore em cinzas, e nas cinzas é onde vamos parar, ou começar? Abaixo da terra com vermes nos comendo mortos, tenho pena do verme que aparecer a meu caixão, ele não será bem vindo, vai vomitar minha carne, pelo desgosto de saber quem é seu dono. As noites de alegria se foram, solidão vai e volta, dando lugar a pequena e simples esperança, uma esperança incomum, uma incógnita de nossa vida, andar na rua e ver as mesmas pessoas com a cara do cansaço dia diastico, expostos a dor que sempre nos convém, vamos ficar fortes sofrendo, vamos sofrer fortes, vamos apenas sofrer? Que diferença faz, pois a única coisa que nos cabe e receber bem o verme, ele é o único que vai realmente se deliciar.

Um comentário: