Passam às horas. O tempo voa, pessoas vêm e vão, eu sentado a mesa desse bar. Escrevendo minhas palavras tão sinceras e tão banais. O fogo do cinzeiro se apaga. A noite fria mostra as pessoas botando seus casacos. Mais uma garrafa pede a mesa ao lado. Todos rindo, tão estranhos nesse planeta, como minha face que se destrói a cada gole. Penso na morte da vida. O planeta gira, vai e vem, o fogo acende novamente, e a força que me envolve trás a essência do problema. Como posso fugir? Como posso olhar pra essas pessoas, que me olham abismadas? Pensando em como parei aqui. Um estranho sem figura chamativa, minha vida numa bomba nuclear, querendo explodir em minha mente. O mundo gira, meus amigos se levantam e saem. Fico eu e só, mais um corpo uma alma, uma mente, uma flor displicente, sem coragem de continuar. Sento e só, penso, como é triste a vida lá fora. Aqui a vida me trás boas coisas. Amigos e donos, bandidos sem sono, a fome no olhar, o sangue na carne, cada passo em cima da madeira, a meus pés. Quantas pessoas sentaram onde eu sentei e não tiveram essa sensação, ou não pensaram em nada. Apenas apreciaram a mediocridade de suas vidas. Sinto o ódio delas e o seu fervor. Seus problemas me contraem. Penso em parar de escrever, mas a mão na deixa, a mão continua. Dói, quero parar de pensar assim, ser normal. Talvez como o casal ao lado. Triste e infeliz em seus meros disfarces de pessoas normais. Um lanche entre dois mundos, uma reclamação me incomoda. Um falso machão entra pela porta, penso como é a vida desse pobre rapaz. Tirando sarro de tudo que vê, pensando em ser o Maximo. Triste, um dia ele vai acordar e morrer, morrer da agonia de ser ele... Eu sorrio um momento. Estou ficando tonto com minhas palavras e sinto não conseguir continuar. A mão pede para parar, mas a cabeça quer seu mal. Continuo sozinho nessa mesa de bar, a escrever essas palavras que nunca alguém vai ler,mas que eusei e sempre soube...Elas sempre estarão lá. Minha mente, nada mais.